"Se lembrar de celebrar muito mais", cantava Fernando Anitelli na televisão. Sentado do outro lado do sofá estava meu pai, tentando sobreviver a meus eufóricos comentários a respeito de cada pedacinho do show, enquanto minha mãe se desdobrava para estar nas conversas da cozinha e ver as piruetas da Gabbi, ao mesmo tempo. Nossa família pequena estava celebrando mais um natal. Como sempre, ao ver a chamada do especial do Roberto Carlos na TV, minha avó comentou "Amanhã ninguém me chama quando ele estiver cantando". Quantos natais minha avó passou e passará esperando por aquele especial, que muitos insistem em dizer que é o mesmo, a cada ano? Não sei. Mas sei que ela vê, como sempre . Deve ter visto no ano em que ela reformou a casa, no ano em que minha mãe se casou, ou em 2008, quando eu me formava e preparava para mudar de cidade. A cada natal, muitos sorrisos e lágrimas depois do anterior, muitas idas, vindas, cortes de cabelo, quilos a mais, a menos, sonhos perdido