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Mostrando postagens de agosto, 2010

De repente

Geralmente, o vento da inspiração bate, colho meus pensamentos maduros e escrevo. Hoje não. Hoje não bateu vento algum e talvez “maduros” seja a palavra menos correta para definir meus pensamentos agora. Por que, então, me atrevo a antecipar o tempo da colheita? Por que ouso me debulhar nessas linhas? Porque de repente descobri que esses tais pensamentos, ainda verdes, precisam ser colhidos já, com uma estranha certeza no fundo de que eles nunca amadurecerão. Escrever agora foi a porta de saída que encontrei quando, no escuro, comecei a tatear as paredes; o buraquinho improvisado que fiz para poder deixar minh’alma respirar. Eu queria ter mais certezas, mas elas, escorregadias, parecem escapar por entre os dedos todas as vezes em que tento pegá-las. De repente eu queria ter um chão firme sob os pés, como um artista de circo que cansou de andar no arame. De repente não há remos suficientes para tocar o barco, nem sei ao certo como deixar o edifício de pé. De repente o que eu escrevo par