O medo, o medo redigiu-se ínfimo olhando aquele corpo de mulher. Poderia ser apenas mais uma, poderiam ser todas em uma só. O feminino em pele, cheiro e respiração. Ele percebeu a dádiva de poder contemplar outro ser humano tão perto e tão irreversivelmente longe. Aproximou-se gatunamente e declarou-se dela o súdito da noite. No meio daquele vai-e-vem universal, inevitavelmente, os olhos se encontraram: ela percebendo que desejava mais ardentemente ser vista do que fodida, ele que sem conseguir decifrar aqueles olhos súplices não a via. E foi dentro daqueles olhos que desenhou-se a histórica trágica. Ele, enfim, dormiu apático na noite segredosa e cálida. E somente a noite era capaz de saber se a indiferença era uma defesa para a sua confusão. Ela despertou-se tímida, sóbria e estranha e sabia que não era pela droga que sentia-se tão pesada que mal pôde levantar. Era pela constatação que tivera naqueles olhos, quando o descanso de ser si mesma acabou-se em um átimo, sem que ela p